Então por que a compreensão do que é um agente evolucionário nos ajuda a entender a origem da vida, e especificamente as múltiplas origens da vida. E vale a pena começar com um estudo de caso aqui. Este é Sol Spiegelman e ele era um virólogo e ele tinha interesse na evolução de vírus bem simples. E o vírus com que ele trabalhou chamava-se Q Beta Phage. Esse é um vírus RNA muito pequeno. Então ele fez a seguinte pergunta: Qual o genoma mínimo que o Q Beta tem de ter para completar com sucesso seu ciclo de vida? Porém ele "enganou" o vírus. Ele pôs uma população de vírus em um tubo de ensaio, junto de enzimas que normalmente teriam de codificar eles mesmos. Mas ele assegurou que essas enzimas estivessem sempre presentes. E o que ele observou, ao longo de múltiplas rodadas de reprodução do vírus neste novo meio criado por ele, foi que o vírus se encolheu mais e mais e mais, até que foram eliminados todos rastros da enzima que agora existia com certeza no meio em que o vírus estava evoluindo. Podemos interpretar este experimento da seguinte forma: Aqui está um diagrama de Venn em um grupo do genoma viral V e o outro grupo, o meio, H, o hospedeiro. E a interseção desses dois grupos, um gene compartilhado pelo vírus e pelo hospedeiro ou o vírus e seu meio, e o que Spiegelman descobriu é que se você assegurar o meio, então, o vírus se encolhe. Ele se livra de todos genes que não precisa porque já existem ali. Isto é minimalogia. Porém ele poderia ter efetuado um experimento alternativo, e feito o meio bastante incerto. E quando meios são muito incertos, isto é, você não pode descartar nada porque sabe que não estará ali, então você tem de codificar intrinsecamente. Então um bom exemplo a nós são as vitaminas. Em relação a vitaminas, somos mínimos, pois sabemos que estarão sempre lá, não temos de sintetizá-las, certo, mas muitos outros genes que não podemos garantir a obtenção no meio, então temos de codificar e transmiti-los nós mesmos. E chamamos isso de autonomia. Então estas são duas configurações diferentes para um agente adaptável. Agora, muitas pessoas chamariam um vírus de "não vivo" porque depende do seu hospedeiro para replicar-se, mas é claro, dependemos do meio para nos replicar também pois precisamos de vitaminas. Então há uma gama de influência adaptável. De um lado, há organismos que vivem em meios bastante assegurados. E eles tornam-se simples. Há outros organismos que vivem em meios bem incertos, e eles tornam-se complexos. Eles codificam mais e mais em seus genes. E a vida abrange esta gama informativa, de organismos que codificam bem pouco sobre o mundo pois não precisam, a organismos que codificam muito sobre o mundo, pois precisam, para completar seu ciclo de vida. E quando pensamos sobre isso neste termo teórico de informação, como um organismo, ou vida, ou um agente é de verdade, é um mecanismo para obter-se informação adaptável sobre o mundo que tal propaga adiante no tempo, e então vírus de computador, o blockchain, a Constituição, e muitas, muitas outras formas de cultura, estão basicamente vivas. Não há nada de especial sobre o exemplo bioquímico, uma célula replicada, pois uma célula replicada é simplesmente uma entidade de informação de certa forma autônoma que é capaz de propagar-se adiante no tempo, assim como uma Constituição pode. Porém como um vírus, a Constituição precisa de nós. Somos as vitaminas da Constituição. E isso leva a uma questão bem aberta que vale a pena debater. De um lado, podemos ser bem fundamentalistas. Poderíamos dizer veja, tudo na vida depende da química, e então achar a química mais simples que é capaz de codificar informação adaptável sobre o mundo é onde a vida começou de verdade. Mas outra possibilidade diz, na verdade não, pois em qualquer escala onde podemos encontrar este conjunto básico de mecanismos, podemos chamar de vida. E também podemos chamar isso de uma origem da vida independente. Então por analogia, alguém pode dizer, "Para entender arquitetura, para entender o Gótico e Renascimento, ou Barroco, ou arquitetura Rococó, você precisa entender mecânica quântica". E acho que isso seria tolo, pois todos eles, é claro, dependem em essência da mecânica quântica, mas não são as diferenças na física que explicam as diferenças na arquitetura. Isso exige um nível mais alto de compreensão. Então a abordagem pluralista as múltiplas origens da vida diz que em todos os níveis, precisamos encontrar estes mecanismos únicos que podem sustentar a propagação de informação. E não há um nível mais básico "correto". Isso depende da pergunta que está fazendo e da variação que está tentando explicar.